Erros em Orçamento: Os 11 Mais Comuns [Como Evitar?]
Conheça os Erros em Orçamento de Obras Mais Comuns! Saiba já como evitá-los!
Erros em Orçamento são uma dor de cabeça constantemente na Engenharia Civil. Evite muitos prejuízos financeiros e atrasos eliminando eles da sua rotina.
Neste artigo, te apresentaro os 11 Erros Mais Comuns que você não pode cometer no orçamento de sua obra ou serviço, com dicas valiosas para garantir o sucesso de seu projeto!
O que é um Erro de Orçamento?
Primeiramente, um Erro em Orçamento é quando há diferença entre o Valor Estimado para a execução de um serviço ou insumo de construção e o Valor Real necessário para sua realização.
Esses erros podem ocorrer por diversos motivos, como falta de informação prévia, falta de conhecimento técnico do orçamentista, utilização de premissas falsas, mensuração insuficiente dos materiais consumidos, etc.
É muito comum se deparar com alguns Erros em Orçamentos, especialmente para obras de reforma e para obras menores.
Os Erros podem causar diversos problemas, como atrasos, prejuízos, litígios judiciais e danos à reputação da empresa responsável pela construção.
Por isso, é importante que o orçamentista conheça não só os métodos para orçar, mas também quais são os Erros Mais Comuns e Como Evitá-los, para dar um passo além do básico.
Qual a Margem de Erro de um Orçamento?
Não existe uma Margem de Erro aceita universalmente para Orçamentos de Obras, já que essa margem varia de acordo com diversos fatores, como o tamanho, complexidade do projeto, informações prévias, região onde a obra será executada, prazo de elaboração do documento, entre outros.
Porém, é importante que o orçamento seja o mais preciso possível, pois será o principal referencial para o planejamento e controle da obra durante sua execução.
Alguns autores citam Margens de Erro Aceitáveis em suas literaturas:
- Rui de Albuquerque: até 5% para obras de pequeno e médio porte e até 10% para as de grande porte;
- Lúcio Reis: até 10% para obras em geral, até 5% em obras que possuem um alto grau de complexidade e risco;
- Marcelo M. Tonet e Marcelo M. R. Martins: pode variar de 3% a 10%, dependendo do grau de complexidade da obra e da precisão das informações disponíveis;
- José Antônio Camargo e Leandro Luque: destacam que a margem de erro aceitável em um orçamento de obras pode variar de acordo com diversos fatores, como o tipo de obra, a fase em que se encontra, a experiência do orçamentista, entre outros.
Baseado em meus estudos e realidade profssional, avalio da seguinte forma:
- Orçamentos com Boa Precisão: menos de 3% de margem de erro (requer controle usual);
- Orçamentos Suficientemente Precisos: entre 3% e 7% (requer controle rigoroso e previsão de opções para economia na obra);
- Orçamentos Imprecisos: acima de 7% de erro (requer controle rigoro e atitudes urgentes de economia para retomar a estabilidade).
No entanto, é importante ressaltar que esses valores são apenas sugestões e que a margem de erro aceitável pode variar de acordo com os requisitos específicos de cada projeto.
Quais os Erros em Orçamento Mais Comuns?
Resumindo o que se vê com mais frequência em obras reais e relatos de colegas de profissão, elenquei os 11 Erros Mais Comuns de Orçamento de Obras:
Fechar obra por metro quadrado
Ainda há muitos engenheiros, empreiteiros e construtores que insistem em fechar contratos calculando apenas “por metro quadrado”. Para piorar, não utilizam nem mesmo boas referências, como o cálculo com o CUB/m² do Sinduscon.
Este erro comum é puro amadorismo, e deve ser evitado.
Toda obra, seja de reforma ou construção, deve ter um orçamento executivo completo, que contemple todas as etapas do processo de orçamentação.
Não fazer visita técnica
Na etapa de reunir informações e compreender o que formará o escopo da obra, muitas vezes é essencial realizar uma visita técnica (ou várias!) para conhecer a realidade do serviço.
A visita revelará as dificuldades logísticas, onde ficarão as caçambas de entulho, como é o acesso ao local, distância do canteiro para as paradas de ônibus e metrô.
Acredite: conhecer o local da obra é importantíssimo!
Ainda nesta inspeção, será possível visualizar melhor a sequência de serviços que levará ao resultado esperado, e muitas vezes ficará evidente alguma atividade antes imprevista.
Premissas incorretas nos levantamentos
É preciso tomar muito cuidado com as premissas, registrando todas e confirmando com quem solicitou o orçamento.
Se todos seus concorrentes orçarem paredes internas de drywall e você orçar em alvenaria, as propostas serão discrepantes.
Se você considerar o solo argiloso e pouco resistente, e ele for siltoso resistente, novamente há diferença.
E quem se prejudica é você, sabia?
Por estar correndo dois riscos:
- De não ser nem ouvido na etapa de negociação, por apresentar uma proposta que foge da realidade;
- Ter um prejuízo considerável por ter orçado algo desconexo.
Desconhecer os critérios de medição também é uma falha enorme nessa etapa, pois esses serão os critérios que definirão sua forma de recebimento e a forma de pagamento dos seus subempreiteiros, caso hajam.
Ignorar serviços indispensáveis no escopo
Especialmente para reformas, é comum que sejam incluídos os serviços mais óbvios, e atividades antecessoras acabem sendo esquecidas. Algumas empresas propõem para seus clientes sempre assentar porcelanatos novos diretamente acima dos pisos existentes, por exemplo.
É uma prática normativamente aceita, que economiza tempo e dinheiro, ao colar o novo revestimento diretamente sobre a superfície existente, sem precisar demolir e regularizar esse piso antes.
Dessa forma, acabam assumindo o risco de se deparar com cômodos em cotas diferentes, por exemplo, que exijam uma concordância de níves.
Forçaria a contratada a demolir o piso (por vezes até o contrapiso) e regularizar a superfície antes do novo assentamento – dois serviços ignorados no orçamento.
Talvez você me diga: “Milton, mas posso explicar para o cliente e aditivar!”.
Sim, pode explicar e aditivar… mas:
- Criando um desgaste desnecessário;
- Arranhando sua credibilidade técnica;
- Correndo risco de acabar absorvendo esses custos porque o cliente simplesmente não aceitou e você não quer encerrar o contrato.
Não ter CPUs próprias
Outros colegas utilizam sempre CPUs (Composições de Preços Unitários) padronizadas de fontes alheias, sejam elas confiáveis (como SINAPI, SICRO ou TCPO) ou fontes de outros profissionais compartilhadas, sem critério e sem análise.
Cada empresa deve trabalhar na sua base de dados, criando suas próprias CPUs ao longo do tempo e dos históricos de obras realizadas.
Não é errado utilizar composições de outras fontes, desde aprovadas pela análise prévia do profissional.
Esteja atento se a CPU é exequível na sua região, na época em que será feita a obra e com sua mão de obra.
Avalie também se você pode melhorá-la de alguma forma, alterando índices ou custos unitários internos.
Não considerar frete, descarga e transporte de material
Conheci um casal uma vez que desejava muito construir uma casa com tijolos ecológicos.
O principal motivo que apontavam era que a construção seria mais barata, todavia não possuiam orçamento executivo ainda (apenas “contas de padeiro” feitas por leigos).
Quando cotamos todos os serviços e materiais, nos deparamos com uma realidade interessante: eles teriam que investir quase que 70% do custo dos tijolos ecológicos para pagar o frete desde a fábrica até a cidade deles.
O sistema construtivo era inviável para eles.
Imagina se comprometer com a execução dessa obra sem considerar esse custo de frete?
A movimentação de insumos, seja no canteiro ou fora do canteiro, é complexa e cara, e para acertar isso no seu orçamento será preciso experiência e know-how.
Não planejar a obra previamente
Um planejamento realista da evolução da obra, ainda que sucinto, trará muitos benefícios para o orçamento.
É indispensável considerar como será o acesso, como manter o canteiro de obras eficiente, como evoluir o armazenamento de materiais no decorrer da construção, etc.
Ao planejar previamente a obra, será possível determinar com mais precisão os custos indiretos a cobrar, e visualizar quais etapas demandam mais detalhamento por sua complexidade.
Outro erro comum no orçamento de uma obra ou serviço é não definir um prazo praticável para a proposta.
Fatores externos como as características do terreno, as condições climáticas, a disponibilidade de mão de obra, os prazos de entrega dos materiais, etc, vão interferir diretamente nesse prazo.
Usar cotações incoerentes
Um dos principais erros ao elaborar um orçamento de obra é usar cotações incoerentes.
Isso ocorre quando o orçamentista utiliza valores de mercado desatualizados ou cotações que não condizem com a marca, modelo, qualidade ou padrão demandado em projeto.
Dessa maneira, pode surgir uma discrepância significativa entre o Valor Orçado e o Custo Real de compra.
Para evitar esse problema, é importante que o orçamentista faça uma pesquisa detalhada de preços e cotações atualizadas e compatíveis com o projeto, levando em consideração o tipo de material, a qualidade e a quantidade necessária para a execução da obra.
Não usar a Curva ABC
Outro erro comum é não utilizar a Curva ABC para priorizar os itens orçamentários mais importantes.
A Curva ABC é uma ferramenta de análise que ajuda a identificar quais itens têm maior peso no orçamento e, portanto, requerem mais atenção para produzir maior economia.
Ao não utilizar essa ferramenta, o orçamentista pode acabar negligenciando itens importantes ou priorizando aqueles que têm menos impacto no projeto.
Isso impedirá a realização de um orçamento otimizado e enxuto, que seria mais promissor na negociação.
Aplicar uma margem de incerteza alta
Este erro não vai te gerar prejuízo, mas te impedirá de fechar muitos contratos.
Se a margem for muito alta, o orçamento pode ficar superestimado, o que prejudicará a competitividade do projeto no mercado.
Seu cliente, por ser leigo na maioria das vezes, aplicará em primeiro lugar o filtro do preço: ele certamente vai priorizar as propostas mais baratas.
É imporante orçar de forma assertiva, para receber o lucro esperado, mas sem onerar desnecessariamente o contrato.
Ignorar impostos e custos financeiros
Finalmente, os impostos e custos financeiros podem incluir taxas de juros, tributos. ISS, ICMS e outros encargos financeiros que não foram levados em consideração no orçamento inicial.
Ao ignorar esses custos, o orçamento pode acabar ficando desatualizado e não refletir o custo real da obra.
Recomeda-se consultar sempre a contabilidade para entender com maior propriedade o que deve ser considerado.
Outro erro comum nessa área é considerar uma determinada taxa de impostos para o contrato, sendo que ao longo da execução da obra a empresa mudará de faixa de faturamento e terá custos maiores com impostos.
Dobre a atenção aqui!
Consequências dos Erros em Orçamentos de Construção
Adiante, algumas das muitas consequências possíveis pelos Erros em Orçamento são:
Retrabalhos administrativos
Quando os erros começam a ser detectados, a administração central começa a ser demandada com essas situações, disperdiçando tempo da equipe técnica sem gerar receita.
Atrasos na entregas
Revisar o orçamento, reavaliar valores, buscar novos fornecedores para materiais e serviços, etc, causará atrasos significativos nas entregas do projeto.
Prejuízo financeiro
Obviamente, caso o orçamento apresente valores abaixo do necessário para a execução da obra, o contratante terá prejuízos financeiros significativos, arcando com custos adicionais que não geram receita.
Redução da qualidade dos materiais e serviços
O orçamento incorreto pode direcionar à escolha de materiais e serviços de qualidade inferior ao planejado inicialmente, o que conduz para um produto final de qualidade igualmente inferior.
Insatisfação do cliente
A apresentação de propostas de aditivo e as justificativas para os erros em orçamento vão desgastar a relação comercial, e invariavelmente causarão alguma insatisfação no seu contratante.
Evite ao máximo esse atrito.
Danos à reputação
A falta de cuidado na elaboração do orçamento causa danos à reputação da empresa, uma vez que os clientes insatisfeitos podem compartilhar sua experiência negativa com outras pessoas;
Litígios judiciais
Nos casos extremos onde o orçamento não seja suficiente para cobrir todos os custos, poderão haver litígios judiciais entre as partes envolvidas para solução do impasse, que custam tempo, energia e dinheiro das partes, podendo resultar no encerramento do contrato e na execução contratual na Justiça.
Como Evitar com Erros em Orçamento?
Primeiramente, utilize ferramentas e instrumentos de orçamentação apropriados, como softwares, planilhas e metodologias que sejam consolidadas na Engenharia.
Em segundo lugar, conte com profissionais qualificados e experientes para as tarefas pretendidas. Obras muito complexas exigem engenheiros experientes, que tenham não só tempo de canteiro mas também especialização. Obras menores talvez exigirão profissionais menos qualificados, mas ainda assim suficientemente capacitados para a execução.
Investa sempre, continuamente, em treinamento e especialização do seu time. O estudo constante resultará em melhoria contínua, e sempre acrescentará experiências que não tivemos ainda, aumentando seu arcabouço técnico no momento de elaborar o orçamento.
Recomendo também conhecer como o mercado está orçando e qual a realidade que seu cliente encontrará ao consultar seus concorrentes. Aqui só há uma solução: networking! Conheça colegas e concorrentes, faça parcerias, crie grupos. Se mantenha antenado!
Como Lidar com Erros em Orçamentos?
Segundo Marcelo M. Tonet e Marcelo M. R. Martins, a melhor forma de lidar com os Erros em Orçamento é adotar uma postura preventiva, ou seja, evitar que os erros ocorram desde a fase de planejamento do projeto (“Orçamento de Obras”, 2016).
Destaco aqui a importância de (1) analisar e criticar sempre as informações disponíveis e as pesquisas de preços e de (2) investir em capacitação técnica de orçamentação e planejamento.
Semelhantemente, José Antônio Camargo e Leandro Luque destacam que é importante identificar os erros de orçamento o mais cedo possível, para que possam ser corrigidos antes que causem prejuízos financeiros maiores (“Orçamentos e Custos na Construção Civil”, 2013).
Eles sugerem a adoção de uma metodologia de controle de custos eficiente, que permita monitorar o desempenho do orçamento ao longo da execução da obra e identificar possíveis desvios.
Além disso, os autores ressaltam que é importante ter transparência e diálogo com o cliente em relação aos custos do projeto, para evitar surpresas e conflitos no futuro.
Conclusão
Em um setor como a construção civil, onde os orçamentos são a base para o sucesso financeiro dos projetos, Erros em Orçamento podem ser devastadores.
Felizmente, existem estratégias que podem ajudar a lidar com esses problemas e evitar prejuízos.
Desde a análise crítica de informações até a adoção de controle de custos eficiente, há uma série de práticas que podem fazer a diferença.
Por fim, se você quer saber mais sobre Orçamento e Planejamento de Obras, não deixe de conferir nosso blog! Aqui temos conhecimento valioso para evitar prejuízos e garantir o sucesso dos seus projetos.
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